Avanços da radiologia intervencionista em tratamentos hepáticos

Nos últimos trinta anos, a radiologia intervencionista (RI) de fígado deu saltos impressionantes, revolucionando o tratamento de condições complexas como hipertensão portal, câncer de fígado e estenoses biliares. Vamos explorar como essas inovações estão impactando diretamente a vida dos pacientes.

Stents Cobertos: Ampliando Possibilidades

Os stents cobertos com ePTFE (1) representam um marco, melhorando significativamente a patência do TIPS (2) para pacientes com hipertensão portal e controlando eficazmente a ascite e reduzindo o risco de sangramento de varizes esofágicas. Em casos de tumores biliares, stents similares a estes também têm sido eficazes, embora desafios como a formação de lama possam limitar sua durabilidade a longo prazo.

Quimioembolização e Ablação por Radiofrequência: Pioneiros no Tratamento do Câncer de Fígado

A quimioembolização convencional (cTACE) e a ablação térmica (radiofrequência – RFA – e microondas – MWA) são tratamentos padrão para câncer de fígado em diferentes estágios, demonstrando consistentemente sua eficácia ao longo das últimas duas décadas. Novas técnicas como as esferas farmacológicas (DEB-TACE) prometem menos toxicidade e maior precisão no tratamento, ainda que sua superioridade sobre o cTACE precise de mais estudos.

Radioembolização Transarterial: Uma Nova Fronteira

A radioembolização transarterial (TARE), utilizando microesferas radioativas, surge como uma opção promissora para câncer de fígado avançado e metástases colorretais hepáticas. Embora ainda em fase de estudo para algumas indicações, TARE mostra potencial para melhorar significativamente a sobrevida e o controle do tumor em estágios avançados.

O Futuro da Radiologia Intervencionista

As inovações não param por aí. Pesquisas avançam em direção diferentes tipos de microesferas e técnicas de entrega mais seguras e precisas, como o uso de microcateteres orientáveis e sistemas de anti-refluxo, nas quimioembolizções. Além disso, novas tecnologias como a eletroporação irreversível, associação de tratamentos locais a tratamentos sistêmicos (imunoterapia, por exemplo), prometendo tratamentos ainda mais eficazes e menos invasivos para grupos de pacientes onde os demais tratamentos não apresentam bons resultados.

Conclusão

A radiologia intervencionista está na vanguarda da revolução no tratamento de doenças hepáticas complexas. À medida que avançamos, é crucial continuar investindo em pesquisa e colaboração para oferecer aos pacientes as melhores opções terapêuticas possíveis. Com o apoio contínuo da comunidade médica e novos desenvolvimentos tecnológicos, estamos moldando um futuro onde mais vidas podem ser salvas e melhoradas através dessas inovações impressionantes.

Se você ou alguém que você conhece enfrenta desafios hepáticos, considere discutir com um especialista em radiologia intervencionista para explorar as opções mais recentes e adequadas ao seu caso. A ciência avança rapidamente, e com ela, a esperança para um tratamento cada vez mais eficaz e acessível.

(1) Tipo de polímero resistente e biocompatível que ajuda a melhorar a eficácia dos stents ao redor do fígado e de outras estruturas dentro do corpo. Ele é especialmente usado para aumentar a patência (ou seja, a abertura livre de obstruções) dos stents usados no tratamento de condições como hipertensão portal e tumores biliares.

(2) "Transjugular Intrahepatic Portosystemic Shunt" em inglês, ou "Derivação Portossistêmica Intra-Hepática Transjugular" em português. É um procedimento de radiologia intervencionista usado para tratar a hipertensão portal, que é um aumento da pressão na veia porta do fígado. Esta condição pode ocorrer em várias doenças do fígado, como cirrose hepática, por exemplo.

Fonte: Interventional Radiology for liver diseases, Eur Radiol, 2021

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