Como é a jornada do paciente submetido à embolização do aneurisma cerebral?
Uma vez que se diagnostica um aneurisma cerebral de maneira incidental, o paciente passa por uma avaliação com o especialista para decidir qual melhor conduta a ser tomada.
Em muitas vezes, a conduta que se toma é pelo tratamento endovascular ou embolização.
É natural que os pacientes tenham dúvidas e até uma certa ansiedade em relação ao tratamento.
É para responder algumas das principais dúvidas e detalhar esse processo que gravei esse vídeo, no qual vou explicar como é a jornada do tratamento da embolização do aneurisma cerebral, desde o preparo até a recuperação já em casa.
Embolização ou tratamento endovascular se referem ao tratamento dos aneurismas cerebrais por cateterismo. Esse tipo de tratamento, como o próprio nome diz, é realizado por meio de um cateter inserido em uma artéria (geralmente na virilha ou punho). Tudo é visualizado em tempo real, por um tipo especial de raio X. Levamos o cateter pelo interior das artérias até a circulação cerebral na região do aneurisma. A partir daí, conseguimos corrigir o aneurisma através de algumas técnicas, que são escolhidas de acordo com as características de cada aneurisma e paciente. O objetivo final é isolar o aneurisma da circulação, para eliminar o seu risco de causar um AVC hemorrágico.
Como é o dia da embolização?
No dia da embolização, o paciente chega ao hospital pela manhã, para a internação. Após a internação, um membro da equipe médica irá conversar com o paciente, e conferir se estão adequados o jejum, o eventual preparo com as medicações, os exames de sangue pré-operatórios, assim como avaliação cardíaca e anestésica prévias.
O paciente é então levado ao setor de hemodinâmica, onde o procedimento, ou cirurgia, será realizado. Para a embolização dos aneurismas cerebrais, o tipo de anestesia realizada é a anestesia geral. Ela permite maior controle dos parâmetros vitais e a imobilidade completa da cabeça, garantindo a segurança na manipulação dos dispositivos junto à circulação cerebral. A embolização de um aneurisma cerebral costuma durar entre 1 a 2 horas.
Após o término do procedimento a anestesia é revertida e o paciente normalmente é acordado ainda na sala de procedimentos. Então é levado até uma unidade de terapia intensiva, idealmente especializada em cuidados neurológicos, para observação clínica. Lá é monitorado, e mantido em repouso no leito por cerca de 6 horas. Passado esse período, a maioria dos pacientes é liberada para andar com auxílio da equipe de suporte.
No dia seguinte, na ausência de intercorrências, o paciente pode ter alta para a enfermaria ou, como na maioria das vezes, direto para casa. A maioria das internações de pacientes submetidos a tratamento de aneurismas cerebrais não rotos dura entre 24-48hs.
Em casa, após o procedimento, orientamos repouso relativo por cerca de 5 a 7 dias. Por repouso relativo entende-se não levantar peso, não fazer exercícios, não trabalhar, não dirigir por exemplo. Após esse período os pacientes devem voltar às atividades rotineiras progressivamente. Na ausência de intercorrências, a recuperação de um paciente submetido a uma embolização cerebral é muito leve. Eventualmente, alguns pacientes podem ter dor de cabeça, que na maioria das vezes cede com medicação comum e dura poucos dias.
Devo tomar remédio para o resto da vida?
A necessidade da medicação antiagregante plaquetária varia com a técnica usada na embolização.
A medicação antiagregante, como por exemplo o AAS, a popular aspirina, é usada para prevenir a formação de coágulos quando é usado um stent.
Quando indicada, geralmente usamos a combinação de duas medicações, mantidas de 3-6 meses. Passado esse período, geralmente é suspensa a medicação mais potente e mantido o AAS por pelo menos 1 ano.
Como é feito o seguimento de um aneurisma tratado por embolização?
Fazemos um retorno de acompanhamento pós-cirúrgico entre 2-4 semanas, onde explicamos eventuais dúvidas e preparamos o seguimento. É importante avaliar, por exames de imagem, como está a evolução do tratamento. Esses exames podem ser a angiografia cerebral ou Angioressonancia e o primeiro é geralmente é realizado 6 meses após o tratamento. A partir daí, será definido qual a necessidade e frequência do acompanhamento. Pacientes com alto risco de desenvolvimento de aneurismas, como os que já tiveram múltiplos aneurismas ou outros fatores de risco, devem sempre ser acompanhados pelo especialista.
Paciente com stent cerebral pode fazer Ressonância?
Sim. Todos os stents destinados a uso no tratamento dos aneurismas cerebrais são totalmente compatíveis com Ressonância Magnética e também não causam alarmes em detectores de metal em banco ou aeroportos. Sempre que solicitamos esses exames, também deixamos claro que não há contra-indicação no próprio pedido.
Essas foram algumas das principais dúvidas trazidas pelos pacientes que irão fazer tratamento por embolização. Temos no site muitas outras informações complementares sobre os aneurismas e vários outros temas. Convido todos a conhecerem e me coloco a disposição para ajudar da melhor maneira. Um abraço!
Escrito por:
Dr. Daniel Abud
Neurorradiologista Intervencionista - Radiologista Intervencionista
CRM/SP 94.196 - RQE 41.802/41.802-1/75.310