Cuidados importantes no pós-operatório de embolização, quimioembolização e ablação dos tumores hepáticos
Qual o profissional responsável pelo acompanhamento no pós-operatório dos tratamentos intervencionistas dos tumores do fígado?
Tanto o médico intervencionista quanto o médico clínico ou cirurgião que acompanha o paciente devem participar do seguimento pós-operatório. É importante realizar o seguimento com ambos os profissionais, pois cada um foca sua avaliação em um aspecto diferente nesse período.
O que é avaliado na consulta pós-operatória com o médico intervencionista?
O intervencionista é quem avalia detalhadamente como foi a resposta ao tratamento realizado. Ele se baseia nos exames de imagem, como a ressonância magnética, a tomografia computadorizada e o PET-CT realizados nas semanas seguintes ao tratamento. Nestes exames, é possível avaliar as resposta positiva do tratamento: destruição tumoral, redução da circulação ou redução das dimensões dos tumores tratados.
O que é avaliado com o médico clínico ou cirurgião que acompanha o paciente?
No seguimento clínico é importante avaliar a chamada “função hepática”. O fígado é o principal órgão do metabolismo alimentar. Isso significa que ele é responsável por transformar os produtos da nossa alimentação em porções menores (moléculas) que podem ser aproveitadas pelo resto do corpo. Como é esperado que na embolização haja uma redução da circulação para algumas partes do fígado, pode haver também uma redução na sua capacidade de exercer sua função. Essa função pode ser medida indiretamente através de exames de sangue, por exemplo. Os especialistas nesse tipo de acompanhamento podem ser os médicos clínicos hepatologistas, gastroenterologistas ou mesmo gastro-cirurgiões ou oncologistas.
O que o paciente pode sentir nos dias seguintes às embolizações/quimioembolizações/ablações dos tumores do fígado?
É esperado que na primeira semana que segue o procedimento de embolização o paciente apresente alguns sintomas, listados abaixo:
Dor abdominal leve
Febre baixa (menor que 38,5 graus)
Náuseas e vômitos
Perda do apetite
Mal-estar geral
Esses sintomas são causados pela própria natureza do procedimento. Eles são bastante controláveis com as medicações prescritas pelo intervencionista no momento da alta hospitalar.
Quais os sinais de alerta importantes no período pós-embolização do fígado?
Do mesmo modo que alguns sintomas são considerados “normais” no pós-operatório, o paciente deve se atentar para aqueles que são “anormais” – indicando que o paciente deve procurar o médico intervencionista ou mesmo atenção hospitalar. São eles:
Febre alta e persistente (maior que 38,5 graus)
Dor abdominal de alta intensidade
Retorno da dor (quando após alguns dias de melhora, a dor abdominal volta a aparecer)
Aparecimento de icterícia (coloração amarela nos olhos e pele)
E quanto às medicações? Existe alguma que deve ser evitada?
De modo geral, os pacientes devem evitar as medicações consideradas tóxicas para o fígado. Os médicos clínicos que fazem o seguimento dos pacientes com problemas hepáticos são cientes dessa necessidade, então basta seguir a recomendação.
Poucos sabem que no procedimento da embolização é utilizado o meio de contraste iodado semelhante ao usado no exame de Tomografia Computadorizada. Por conta disso, recomenda-se os pacientes diabéticos que utilizam a medicação Metformina, que avisem seus médicos e que suspendam o uso no dia anterior ao procedimento e assim mantenham por 3 dias.
A quimioembolização usa uma medicação quimiterápica, então pode cair o cabelo?
A quimioembolização hepática não leva à queda de cabelo, como o que acontece em muitas quimioterapias. As medicações, da maneira que são utilizadas na quimioembolização dos tumores hepáticos, não causam esse efeito.
Vale lembrar que todas essas informações podem ser individualizadas para cada paciente. O seu médico intervencionista fará todas essas orientações também antes do procedimento.
Pronto! Ter as informações sobre o que esperar e no que ficar atento durante o período pós operatório vai ajudar a garantir uma recuperação mais tranquila.
Escrito por:
Dr. Lucas Moretti Monsignore
CRM/SP 121.017 - RQE 38.296/38.297
Atualmente um dos diretores da Sociedade Brasileira de Radiologia Intervencionista e Cirurgia Endovascular (Sobrice), entidade representativa da especialidade