Hematoma subdural: como a embolização pode prevenir novas complicações
O hematoma subdural é um tipo de sangramento intracraniano em que o sangue se acumula entre as camadas que envolvem o cérebro. Geralmente, ele ocorre após traumas na cabeça e é mais frequente em idosos, pessoas que usam anticoagulantes ou antiagregantes plaquetários (medicações que afinam o sangue), ou aquelas com histórico de quedas ou distúrbios de coagulação (coagulopatias). Sua prevalência pode chegar a 20% em pacientes com traumatismo cranioencefálico.
As manifestações clínicas variam de acordo com a localização, o volume e o tempo de instalação do hematoma. Podem incluir desde sintomas leves e inespecíficos, como dor de cabeça (cefaleia), alterações cognitivas e comportamentais, até sintomas mais graves, como fraqueza em um lado do corpo, crises convulsivas, dificuldades na fala e alterações na sensibilidade.
O diagnóstico é feito por meio de métodos de imagem, após uma avaliação clínica detalhada. A tomografia computadorizada é amplamente utilizada na prática médica, enquanto a ressonância magnética pode ser empregada em casos específicos para maior precisão.
O manejo do hematoma subdural envolve estabilização clínica nos casos graves, reversão de coagulopatias e interrupção de medicações que afinem o sangue, além de identificar pacientes que necessitem de tratamento cirúrgico. Embora a cirurgia convencional, como a craniotomia ou craniectomia, seja eficaz para drenar o sangue, há um risco significativo de recorrência, especialmente em pacientes de alto risco.
Uma abordagem moderna e promissora é a embolização da artéria meníngea média, um procedimento minimamente invasivo que tem mostrado excelentes resultados, seja como complemento à cirurgia ou como alternativa para pacientes que não podem ser submetidos ao procedimento convencional.
Como funciona a embolização?
A embolização da artéria meníngea média é realizada em ambiente hospitalar e não requer incisões. Um cateter é introduzido por uma artéria no braço ou na perna e guiado até os vasos sanguíneos que alimentam o hematoma. São utilizados pequenos materiais, como partículas ou um líquido que se solidifica em contato com o sangue, para bloquear esses vasos e interromper o fluxo sanguíneo para a região do hematoma. Esse processo reduz o hematoma existente e previne novos sangramentos.
Quais são os benefícios?
Prevenção de recorrências: Reduz significativamente o risco de novos episódios, proporcionando maior segurança a pacientes de alto risco.
Recuperação rápida: Como não exige grandes incisões ou manipulação extensa, o tempo de recuperação é muito menor em comparação à cirurgia convencional.
Procedimento de baixo risco: Técnica segura, bem tolerada e sem cicatrizes visíveis.
Versatilidade: Pode ser realizada em conjunto com a cirurgia tradicional, aumentando sua eficácia, ou como alternativa em casos selecionados.
Para quem é indicado?
Todos os pacientes devem ser avaliados para o tratamento endovascular. A embolização é especialmente indicada para:
Pacientes idosos com histórico de hematoma subdural.
Pessoas em uso de anticoagulantes ou com maior risco de sangramentos.
Aqueles que já passaram por cirurgias para tratar o hematoma e desejam evitar recorrências.
Evidências científicas
Pesquisas publicadas em revistas científicas renomadas, como a Journal of NeuroInterventional Surgery, comprovam a eficácia da embolização da artéria meníngea média. Em pacientes submetidos ao procedimento, a taxa de recorrência do hematoma foi 85% menor em comparação aos pacientes tratados apenas com cirurgia convencional, e o risco de necessidade de uma nova cirurgia foi 79% menor, sem aumento de complicações relacionadas ao procedimento endovascular.
Se você ou um ente querido já enfrentou essa condição, entre em contato conosco para uma avaliação. Estamos à disposição para esclarecer dúvidas e oferecer o que há de mais avançado na medicina intervencionista.
Referência:
Link, T. W., et al. Middle meningeal artery embolization for chronic subdural hematoma: a case series. Journal of NeuroInterventional Surgery, 13(10), 951-957. Disponível em: Journal of NeuroInterventional Surgery
Escrito por:
Dr. João Paulo de Paula Machado
CRM/SP 187303 - RQE 85524 / 85524-1
Neurologista e Neurorradiologista Intervencionista pela USP. Mestre em Neurologia. Membro titular da Sociedade Brasileira de Neurorradiologia - SBNR