Série Especial Radiologia Intervencionista: Quem foi Cesare Gianturco e por que ele é importante para a Radiologia Intervencionista?

Caso a Radiologia Intervencionista contasse com um dicionário dedicado à sua história, muito provavelmente a palavra pioneirismo figuraria entre as mais importantes. Em sua etimologia, o termo designa um soldado que avança em um terreno desconhecido. Sua função era colher informações sobre a região e percurso antes dos demais.

Em nossa profissão, esta é uma metáfora valiosa: ser pioneiro não se resume a “abrir caminhos para algo novo”, mas também indica a possibilidade de que alguém se antecipe na criação de ideias e ferramentas inovadoras.

Sem dúvidas, este é o caso de Cesare Gianturco, outra personalidade fundamental da história da Radiologia Intervencionista e que integra nossa série especial.

Vamos conhecer um pouco de sua trajetória e descobertas?

Quem foi Cesare Gianturco?

Proveniente de uma família de advogados e músicos, Gianturco nasceu em 1905, na Itália.

Ele se graduou em medicina em 1927 e, depois desta formação inicial, estudou durante dois anos radiologia e, depois, patologia.

Ao imigrar para os Estados Unidos, em 1930, assume uma bolsa em radiologia na Mayo Clinic em Rochester, Minnesota. Neste período, ele fez também suas primeiras descobertas e avanços nas pesquisas sobre técnicas de raios-X e filmes.

Ao longo de sua carreira, Gianturco atuou na prática e pesquisa médica! Se tornou membro fundador e chefe de radiologia da Carle Clinic e professor de radiologia clínica na Faculdade de Medicina da Universidade de Illinois. Durante a Segunda Guerra Mundial, participou do Corpo Médico do Exército, e também contribuiu com o treinamento de residentes de radiologia.

Quais foram suas grandes contribuições?

As 10 patentes que registrou e os mais de 165 artigos publicados, são apenas uma parte de suas conquistas. Dentre suas invenções de maior relevância está a “bobina de Gianturco”, primeira bobina de aço inoxidável, ferramenta para o bloqueio de sangramentos em diferentes partes do corpo ou para mitigar o suprimento de sangue de tumores.

Em meados da década de 60, ele passou a se dedicar com ainda mais afinco à pesquisa, momento em que pode direcionar energia para essa e outras descobertas, como por exemplo, a projeção do primeiro balão cateter de dilatação.

Estas foram inovações que, em pouco tempo, passaram a ser aplicadas na prática clínica e tratamento de adoecimentos. Além de projetar o stent expansível em "z" e o filtro de veia cava, as bobinas metálicas desenvolvidas por Gianturco, que passaram por algumas modificações e melhorias, são ainda hoje utilizadas em diversas técnicas comuns no campo da Radiologia Intervencionista.

O trabalho voltado aos adoecimentos e hemorragias do trato gastrointestinal, com a análise das melhores técnicas de radiografia para esses casos, foi outro ponto notável da sua dedicação.

Cesare Gianturco teve uma longa vida, preenchida por criatividade, estudos e empenho. Não por acaso, é considerado e nomeado uma das seis “Lendas da Radiologia”, segundo o American College of Radiology.

Celebramos as suas descobertas que, ainda hoje, são utilizadas pela Radiologia Intervencionista. Os frutos de seu trabalho e pioneirismo marcaram a história de nossa especialidade e tornaram Gianturco um dos grandes nomes que participaram da consolidação da RI enquanto pesquisa, técnica e prática.

Referência:

https://www.jacr.org/article/S1546-1440(12)00166-4/pdf

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