Radiologia Intervencionista em Emergências Obstétricas - Vamos entender essa relação?

Quando falamos em emergências obstétricas, e a possibilidade de utilização da Radiologia Intervencionista, nosso olhar se direciona principalmente à hemorragia puerperal!

O quadro pode se desenvolver a partir de diferentes condições maternas e fetais, como as anormalidades placentárias, lesão uterina, gravidez ectópica e atonia uterina.

Esta é uma condição de risco, destacando-se entre as principais causas de mortalidade materna, seja de maneira primária ou secundária (devido às complicações decorrentes da hemorragia)!

Para o seu controle e tratamento, inúmeras possibilidades são empregadas, dentre elas, o tamponamento uterino, massagem uterina, uso de ocitócicos, reparações cirúrgicas e, em casos mais graves, histerectomia e ligadura das artérias hipogástricas.

Tratamentos mutiladores e que levam a perda da possibilidade de novas gestações podem ocorrer e sempre são acompanhados não apenas pelo impacto na saúde física da mulher, mas também em sua saúde emocional!

Novas perspectivas trazidas pela Radiologia Intervencionista

O uso da tecnologias de imagem, vinculadas à pesquisa médica e novas técnicas minimamente invasivas, é um aliado para quadros de hemorragia puerperal.

Neste sentido, a aplicação de procedimentos provenientes da Radiologia Intervencionista são cada vez mais explorados. Mas qual seria o método utilizado nestes casos? O médico intervencionista alcança, através de uma pequena incisão, punção da artéria femoral e uso de cateteres providos de balões, as artérias uterinas ou artérias ilíacas.

O próximo passo é inflar esses mesmo balões, a fim de que, durante todo o procedimento, essa oclusão possa evitar hemorragias. Após a cirurgia, em parceria com os demais cirurgiões, o médico intervencionista avalia o momento mais oportuno para que os balões sejam desinflados e os cateteres retirados.

O objetivo é diminuir o volume e os riscos do sangramento intra-operatório, a partir de uma técnica profilática minimamente invasiva!

Mas, e nos casos em que a hemorragia ainda não foi totalmente controlada? Para esses quadros, há ainda a possibilidade de realização da embolização das artérias uterinas, com o uso de material embólico mais adequado para cada caso e paciente.

Os desafios deste percurso!

Apesar de todas as possibilidades destacadas no tópico anterior, é inegável que ainda são poucas as maternidades que contam com uma equipe de Radiologia Intervencionista - assim como os equipamentos essenciais para essa área de atuação!

Em muitos casos, a necessidade de remoção da paciente para um outro polo de atendimento não é possível, devido ao risco do quadro hemorrágico e necessidade de assistência imediata. É preciso promover com cada vez mais energia os protocolos de Radiologia Intervencionista e sua associação ao cuidado obstétrico.

Contar com essa possibilidade antecipadamente, avaliando de forma minuciosa quadros obstétricos com riscos de evolução para a hemorragia, são os desafios para centros especializados e também para equipes de Radiologia Intervencionista - a partir do trabalho multidisciplinar o cuidado com cada gestante pode se tornar ainda mais efetivo, individualizado e minimamente invasivo.

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