Dor pélvica crônica e varizes pélvicas

Dor pélvica

O que é a dor pélvica crônica?

A dor pélvica crônica é a dor que acomete a região da pelve, ou simplesmente a região inferior do abdome, que não acompanha o ciclo menstrual e dura mais que 6 meses. É um problema frequente e chega a afetar 10 a 40% das pacientes que procuram o ginecologista, causando prejuízos à qualidade de vida.

Como a dor pélvica crônica atinge a população?

A estimativa é que 3,8% das mulheres na faixa de 15 a 73 anos sejam portadoras de dor pélvica crônica, sendo mais comum que a enxaqueca, asma e dor nas costas. Nas pacientes em idade reprodutiva, esse número sobe para 14 a 24%. Nessas pacientes, a dor pélvica leva a problemas na vida conjugal, social e profissional, tornando-se um sério problema de saúde pública.

A dor pélvica crônica é responsável 40 a 50% das laparoscopias ginecológicas, 10% das consultas ginecológicas e, aproximadamente, 12% das histerectomias. 

Mesmo sendo muito comum, cerca de 60% das mulheres com a doença nunca receberam o diagnóstico e 20% nunca realizaram qualquer investigação para descobrir a causa da dor.

Quais são as causas da dor pélvica crônica?

Lembramos que na região da pelve encontramos diversos órgãos e estruturas do corpo e cada uma dessas estruturas pode ser responsável por causar o quadro de dor, destacando-se: intestino, a bexiga, útero, ovários, músculos, nervos e vasos sanguíneos.

O que é a Síndrome da Congestão Pélvica?

Dentre a variadas causas da dor pélvica crônica, inclui-se a síndrome da congestão pélvica (SCP). Ela é causada pela insuficiência venosa pélvica. Isso significa que já uma “sobrecarga” das veias da região da pelve, de modo parecido como ocorre nas varizes das pernas. As veias normais têm no seu interior um tipo de válvula, que ajuda o sangue a correr no sentido correto. Quando essas válvulas são defeituosas, as veias têm dificuldade em retornar o sangue para a circulação do corpo. Essas veias doentes têm o fluxo muito lento, as vezes até no sentido contrário, deixando o sangue “represado” na região da pelve, causando a dor.

Quem é mais afetado pela Síndrome da Congestão Pélvica?

Essa doença em geral acontece em pacientes em idade reprodutiva (entre a primeira menstruação e a época da menopausa). Existem algumas condições que estão ligadas a maior risco, como:

  • Gravidez

  • Cirurgias na região da pelve

  • Terapia de reposição hormonal com estrógeno 

  • Obesidade

  • Flebite (inflamação das veias)

  • Longos períodos de pé ou carregando peso

Alguns problemas na anatomia das veias também contribuem para o aparecimento da Síndrome da Congestão Pélvica. Algumas pacientes têm as válvulas não funcionantes nas veias principais que drenam a região da pelve, as chamadas veias gonadais. Outras podem ter a veia renal esquerda “esmagada” pela artéria mesentérica a chamada síndrome de Quebra Nozes, que será explicada aqui no site em outro momento.

Como é feito o diagnóstico da Síndrome da Congestão Pélvica?

Pode ser diagnosticada com exames capazes de avaliar o tamanho dos vasos sanguíneos da pelve, para averiguar a presença veias dilatadas. Os principais são:

  • Ultrassonografia pélvica com Doppler (geralmente o exame inicial)

  • Tomografia computadorizada pélvica com contraste

  • Angiorressonância pélvica

  • Laparoscopia

  • Flebografia pélvica.

Como é o tratamento da Síndrome da Congestão Pélvica?

Diversos tipos de tratamento já foram tentados, com pouquíssimas taxas de sucesso, até que foi desenvolvido o tratamento das varizes da região pélvica através da embolização.

A embolização é procedimento realizado por radiologista intervencionista e pode ser realizado sob anestesia local associada ou não a sedação, e a paciente tem alta no mesmo dia. Como a maioria das embolizações, o procedimento é feito por cateterismo, com uma pequena incisão na região da virilha, no braço ou no pescoço. A duração é de cerca de uma hora na maioria dos casos.

Entraremos em mais detalhes sobre esse tipo de embolização em breve aqui no site!

Fonte: Evaluation of embolization for periuterine varices involving chronic pelvic pain secondary to pelvic congestion syndrome

Escrito por:

Dr. Lucas Moretti Monsignore
CRM/SP 121.017 - RQE 38.296/38.297
Atualmente um dos diretores da Sociedade Brasileira de Radiologia Intervencionista e Cirurgia Endovascular (Sobrice), entidade representativa da especialidade

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