Hemoptise
O que é hemoptise?
A hemoptise é o sangramento que vem das vias respiratórias inferiores, que inclui a traqueia, brônquios e pulmões. Ela se apresenta na forma de tosse/expectoração com sangue. É importante diferenciar da falsa hemoptise – na qual o sangue se origina de outros locais, como da boca, nariz, garganta ou até mesmo do esôfago ou estômago. Em algumas situações, pode ser difícil diferenciar a origem real do sangramento.
Toda tosse com sangue é hemoptise?
Nem todo sangramento que acompanha a tosse teve origem na traqueia ou nos pulmões. Alguns pacientes podem ter irritação ou outras causas de sangramento da parte superior do trato respiratório, como da faringe (parte posterior da garganta) ou mesmo da mucosa do nariz. Algumas das causas incluem os traumatismos, tumores e lesões inflamatórias. Nesses casos, a tosse com sangue não é chamada de hemoptise e o tratamento é diferente.
Quando a hemoptise é considerada grave?
De maneira geral, sempre que houver um sangramento de causa indeterminada, o paciente deverá buscar atenção médica. Em algumas situações, isso deve ser feito o mais rápido possível, por se tratar de emergência. No caso da hemoptise, os médicos usam o termo “maciça” para aqueles casos nos quais há um sangramento muito grande. É considerada hemoptise maciça aquela que causa perda de mais de 300ml de sangue em 12 horas. Nesses casos, o acúmulo de sangue nas vias aéreas pode atrapalhar a respiração, levando à asfixia, além de a própria perda do sangue ter consequências mais graves.
Quais são as causas de hemoptise?
É importante lembrar que em até metade dos casos de hemoptise, não é possível encontrar o fator causador. No restante dos casos, as causas mais frequentes são
Doenças inflamatórias (a mais comum sendo a tuberculose, seguida da aspergilose);
Carcinoma brônquico e metástases;
Bronquiectasia (aumento do calibre dos brônquios);
Causas cardiovasculares (edema pulmonar, problemas da válvula mitral e embolia pulmonar);
Uso de anticoagulantes.
Como é feito o diagnóstico da hemoptise?
Primeiramente é necessário realizar as medidas gerais de atenção à saúde do paciente, caso o sangramento seja grande. Pode ser necessário internação hospitalar, até mesmo em UTI. Uma vez feita a estabilização do quadro, o principal é definir a origem do sangramento. Alguns dados da história do evento podem ajudar. Sabendo detalhes como a duração, frequência, tipo da hemorragia entre outros, o médico consegue coletar indícios que orientarão a investigação. Na maioria das vezes são necessários exames complementares, que podem incluir:
Exames laboratoriais, para avaliar a coagulação, contagem de plaquetas, marcadores de inflamação;
Exames de imagem, como a radiografia, tomografia e angiotomografia computadorizada de tórax;
Broncoscopia nos casos em que os exames radiológicos não mostraram a causa do sangramento.
Pode ser realizada embolização para hemoptise?
Nos casos em que a hemoptise tem origem nos brônquios ou nos pulmões, a embolização pode ser realizada. Nela, o médico Radiologista Intervencionista usa um pequeno cateter, geralmente inserido pela região da virilha ou do braço, até a circulação do tórax. Em mais de 90% dos casos, a artéria responsável pelo sangramento dessa região é a artéria brônquica. Por meio do cateter, são injetados materiais que servem para “estancar” (ou embolizar) o foco de sangramento.
Esse procedimento geralmente é realizado sob anestesia geral, pois requer controle sobre a respiração do paciente.
A embolização tem se tornado a técnica de escolha nos casos de hemoptise de repetição, com ótimos resultados.
Fonte: The Diagnosis and Treatment of Hemoptysis
Escrito por:
Dr. Lucas Moretti Monsignore
CRM/SP 121.017 - RQE 38.296/38.297
Atualmente um dos diretores da Sociedade Brasileira de Radiologia Intervencionista e Cirurgia Endovascular (Sobrice), entidade representativa da especialidade