Hipotensão liquórica espontânea

Banner.png

A hipotensão liquórica espontânea embora incomum é causa de dores de cabeça incapacitantes. Conheça suas causas, como definir seu diagnóstico e seu tratamento.

 

O que é hipotensão liquórica espontânea?

É uma redução do volume de líquido cefalorraquidiano (ou líquor) ao redor da medula e do cérebro. Apesar do nome “hipotensão” na maioria das vezes a pressão do líquor está normal.

 

Quando desconfiar de hipotensão liquórica

Pessoas que tem dores de cabeça que pioram ao se levantar podem ter hipotensão liquórica. Se você tem dores de cabeça notadamente ao se levantar é recomendada uma avaliação com um neurologista.

 

O que causa a hipotensão liquórica espontânea

A hipotensão liquórica é causada por um vazamento do líquor da medula espinhal. Este vazamento em geral é discreto e eventual e na maioria das vezes é causado por uma pequena lesão mecânica do envoltório da medula (meninge), ou por um divertículo da raíz espinhal, ou por uma fístula liquórico-venosa. 

 

Como comprovar esta condição?

Até recentemente, o local exato do vazamento liquórico era pouco diagnosticado pelos exames disponíveis (como tomografia e ressonância). Nos últimos anos a técnica de mielografia dinâmica se tornou o método de maior acurácia para se encontrar e caracterizar estas lesões (até 90% dos casos podem ser diagnosticados).

 

Quais exames precisarei fazer para descobrir?

Após uma avaliação neurológica, se você apresenta sintomas sugestivos de hipotensão liquórica, um exame de ressonância magnética de crânio e coluna deverão ser realizados. Após o exame de ressonância, a mielografia dinâmica poderá ser indicada.

 

Como funciona a mielografia dinâmica?

O exame é realizado por um neurorradiologista, em uma sala de angiografia digital (hemodinâmica). O exame pode ser realizado sob sedação ou com o paciente acordado com uma anestesia local. Uma agulha e colocada na coluna (como na conhecida raqui-anestesia). Por esta agulha é injetado o contraste iodado (medicamento que permite visualizar o vazamento). O paciente permanece em repouso durante algumas horas e depois pode receber alta devendo ficar em repouso em sua casa.

 

Quais são os tratamentos para a hipotensão liquórica?

Ao se identificar a presença do vazamento pela mielografia, é fundamental se definir o local exato e o tipo (se lesão meníngeal, se divertículo da raiz ou se fístula liquórico-venosa). Para os dois primeiros casos indica-se o tratamento por blood-patch e para o terceiro caso indicação a embolização. Se houver falha tanto do blood-patch quanto da embolização, indica-se a cirurgia aberta para o reparo da lesão.

Referências:

1.     Farb et al. Spontaneous Intracranial Hypotension: A Systematic Imaging Approach for CSF Leak Localization and Management Based on MRI and Digital Subtraction Myelography. AJNR Am J Neuroradiol 2019;40:745-753

2.     Pope et al. Safety of Consecutive Bilateral Decubitus Digital Subtraction Myelography in Patients with Spontaneous Intracranial Hypotension and Occult CSF Leak. AJNR Am J Neuroradiol 2020;41:1953-1957

3.     Kranz PG et al. Spontaneous Intracranial Hypotension: Pathogenesis, Diagnosis, and Treatment. Neuroimaging Clin N Am 2019;29:581-594

Escrito por:

Dr. Luis Henrique Castro Afonso - CRM/SP 121.961 - RQE 30.564/30.564-1

Médico Neurologista, Neurointervencionista e pesquisador clínico. Possui Doutorado em Neurologia pela Universidade de São Paulo.

Anterior
Anterior

Ablação percutânea: alternativa no tratamento do câncer

Próximo
Próximo

Retinoblastoma: quimioterapia intra-arterial realizada em Ribeirão Preto