Insulinomas - como a Radiologia Intervencionista pode ajudar

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O que são os insulinomas?

O pâncreas é um órgão de dupla função: parte do órgão atuante no sistema digestório – produzindo enzimas que quebram as gorduras; e parte no sistema endócrino – produzindo hormônios como a insulina. Os insulinomas são tumores da porção endócrina do pâncreas.

 

Quem é mais afetado pelos insulinomas?

Os insulinomas são tumores raros, acometendo 4 pessoas em cada 1 milhão a cada ano. Ele costuma afetar pacientes de meia idade e pode estar associado à algumas síndromes hereditárias, como a Neoplasia Endócrina Múltipla tipo I. Aproximadamente 10% dos insulinomas são malignos, ou seja, capazes de invadir outros órgãos e tecidos próximos ou causar metástases.

 

O que sentem os pacientes com insulinomas?

A insulina, hormônio que está aumentado nos portadores de insulinoma, age reduzindo os níveis de açúcar do sangue. Sendo assim, pacientes com insulinoma podem ter episódios de hipoglicemia (nível de açúcar baixo no sangue), principalmente durante o jejum ou exercício. Isso pode se manifestar como:

  • Suor “frio”

  • Tremores

  • Sensação de cansaço

  • Tontura

  • Fome excessiva

  • Formigamento nos lábios

  • Palpitações

  • Irritabilidade

* Vale lembrar que esses sintomas não acontecem somente na hipoglicemia, e que em caso de dúvidas sobre seus sintomas, o melhor é sempre procurar atenção médica.

 

Quem tem insulinoma precisa operar?

A cirurgia para retirar esse tumor do pâncreas é o tratamento de primeira escolha para os pacientes sintomáticos. O objetivo da cirurgia é retirar o tumor e preservar o máximo possível da porção saudável do pâncreas sempre que possível. Existem outros tratamentos como a embolização e a ablação, porém são menos efetivos que a cirurgia no caso dos insulinomas.

 

E porque é difícil retirar o insulinoma sem afetar o pâncreas?

Os tumores da família do insulinoma – os chamados tumores neuroendócrinos – nem sempre têm tamanho suficiente para serem vistos nos exames de imagem como a Tomografia Computadorizada ou Ressonância Magnética. Nesses casos, o diagnóstico do insulinoma é feito com os exames clínicos e laboratoriais: sabe-se que o tumor existe no pâncreas, mas não é possível vê-lo diretamente nos exames de imagem.

 

Para que serve o exame da coleta seletiva de sangue para o insulinoma?

Pensando em ajudar o cirurgião que irá operar o pâncreas, foi desenvolvido um exame realizado em conjunto pelo médico Radiologista Intervencionista e pelo Endocrinologista. Nele, o Radiologista Intervencionista consegue, por meio de um cateterismo, injetar uma substância em áreas diferentes do pâncreas. Desse modo, é possível fazer um “mapeamento” da produção de insulina do órgão. Com esse mapa é possível predizer com altas taxas de sucessos o local onde se encontra o tumor que era antes “invisível”.

Saber a localização mais precisa do tumor é importante, pois permite que o cirurgião remova apenas a parte doente do órgão e preservar a parte saudável. Isso é muito positivo para o paciente, que terá menos chances de precisar de remédios que supram a função das partes retiradas do pâncreas. Nos pacientes onde é possível manter boa parte do pâncreas, pode não haver necessidade de uso de enzimas digestivas ou de suplementação com injeções de insulina, por exemplo.

Fonte: Essentials of Insulinoma Localization with Selective Arterial Calcium Stimulation and Hepatic Venous Sampling

Escrito por:

Dr. Lucas Moretti Monsignore
CRM/SP 121.017 - RQE 38.296/38.297
Atualmente um dos diretores da Sociedade Brasileira de Radiologia Intervencionista e Cirurgia Endovascular (Sobrice), entidade representativa da especialidade

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