Tromboembolismo pulmonar – como a Radiologia Intervencionista pode ajudar?

Apresentação 16.001.png

As tromboses venosas podem ocorrer em diversos territórios da circulação do corpo. Alguns casos acarretam impacto maior sobre o estado da saúde, podendo colocar a vida em risco. Neste grupo, destacam-se principalmente as tromboses pulmonares e tromboses venosas cerebrais. Hoje, discutiremos em detalhes alguns aspectos da trombose/embolia pulmonar.

O que significa trombose?

A coagulação do sangue é um processo natural que tem função de proteger o corpo contra sangramentos e iniciar o processo de cicatrização. Porém, em algumas situações, os fatores que desencadeiam a formação dos coágulos podem ficar desregulados. A coagulação que ocorre de maneira indesejada, ou seja, patológica, recebe o nome de trombose. Os trombos, esses coágulos que são formados de maneira indesejada, podem levar ao entupimento/oclusão dos vasos.

O que significa o termo “embolia pulmonar”?

Embolia é o nome que damos à obstrução patológica de um vaso por um trombo que foi gerado em outra região do corpo. No caso da embolia pulmonar, é muito comum que trombos que se formaram nas veias das pernas se desprendam e se desloquem pela circulação até chegar aos pulmões, onde ocasionam o entupimento das artérias pulmonares. As artérias pulmonares têm a importante função de levar o sangue até os pulmões para receberem o oxigênio através da respiração.

Embolia pulmonar é grave?

A embolia pulmonar pode ser assintomática (sem manifestação de sintomas) ou muito grave, podendo levar até a morte.. Ela é a terceira causa mais frequente de morte por problemas cardiovasculares, atrás do infarto do miocárdio e do acidente vascular cerebral (AVC).

A gravidade depende de múltiplos fatores, sendo as relacionadas às condições clínicas de base do paciente e a quantidade de trombos/artérias obstruídas as mais importantes. O impacto da embolia é mais importante quando ocorre em pacientes que já estão em condições de saúde fragilizada – como por exemplo quando sob internação prolongada na UTI, com história de infecções pulmonares ou problemas cardíacos. Da mesma forma, mesmo em pacientes com condições clínicas boas, uma embolia maciça, que leva ao comprometimento de território vascular extenso, pode se de extrema gravidade.

Quem está mais sujeito à embolia pulmonar?

Os fatores de risco podem ser associados à predisposição individual de cada paciente e também a situações eventuais pelas quais os pacientes podem passar.

No primeiro grupo, das predisposições individuais, destacamos:

  • História prévia de trombose

  • Presença de doenças crônicas, como: câncer, doenças cardiovasculares, doenças pulmonares

  • Desordens de origem congênita (alterações presentes desde o nascimento), como problemas na coagulação e alterações estruturais do sistema circulatório.

No segundo grupo, envolvendo as situações eventuais, temos principalmente:

  • Cirurgia de grande porte recente (que geralmente levam a longos períodos de imobilização

  • Gravidez e cirurgia cesariana.

  • Fraturas de ossos longos (como o fêmur, por exemplo), ou cirurgias articulares;

  • Trombose de cateteres venosos

  • Uso de medicações que aumentam risco de trombose, como os anticoncepcionais orais que contém estrógeno.

  • Obesidade

  • Doenças que levam a distúrbios da coagulação, como síndrome nefrótica, doença inflamatória intestinal, infecção pelo coronavírus Sars-cov2 (Covid-19).

Como é o tratamento da embolia pulmonar?

O tratamento é amplo e além do suporte clínico, varia desde anticoagulação (prevenindo formação de novos coágulos), trombólise sistêmica ou local por cateterismo (uso de medicações que dissolvem os trombos já formados), trombectomia mecânica por cateter ou embolectomia cirúrgica.

O que é a trombectomia mecânica, aquela realizada pelo Radiologista Intervencionista?

A trombectomia mecânica tem o objetivo de remover os trombos do interior das artérias pulmonares, através de técnicas de cateterismo. Por meio dessas ferramentas, o intervencionista consegue levar o cateter inserido em uma veia da perna até a região dos pulmões. O procedimento é todo visualizado em uma tela, ao vivo, com imagens geradas por técnicas de fluoroscopia (raios-X com visualização em tempo real). Uma vez na região dos pulmões, é realizado o estudo com angiografia pulmonar, que irá detectar as artérias obstruídas. Nesse momento, utilizam-se cateteres especiais que realizam a fragmentação e aspiração (sucção) dos trombos, ou de stents que se aderem aos trombos para a sua extração para fora da circulação do paciente. Dessa forma, com restituição da circulação para o território pulmonar, é retomado o processo de oxigenação sanguínea.

Quando é indicado esse procedimento?

Existem situações específicas nas quais esse procedimento pode ser realizado. De modo geral, esse procedimento é reservado para os casos mais graves, como nos pacientes que apresentam embolia de grande volume (chamada embolia maciça), levando à parada cardiorrespiratória/choque circulatório refratário ou nos pacientes que têm contraindicação ao uso medicações trombolíticas.

É importante ressaltar que cada paciente apresenta características próprias e cada caso deve ser avaliado individualmente. Para mais informações a respeito desse tema ou dos demais da Radiologia Intervencionista, entre em contato com a equipe da Neocure.

Referências:

Interventional Therapies for Acute Pulmonary Embolism: Current Status and Principles for the Development of Novel Evidence: A Scientific Statement From the American Heart Association

Diagnosis, Treatment and Follow Up of Acute Pulmonary Embolism: Consensus Practice from the PERT Consortium

Escrito por:

Dr. Guilherme Seizem Nakiri
CRM/SP 116.819 - RQE 38.288/38.288-1/38.776.

Médico especialista em Radiologia Intervencionista e Angiorradiologia - Sobrice/CBR/AMB. Possui Mestrado e Doutorado pela Universidade de São Paulo.

Anterior
Anterior

Trombose venosa cerebral

Próximo
Próximo

Dor de cabeça – quando você deve se preocupar?