Trombose venosa cerebral

O que é trombose venosa cerebral?

Trombose venosa cerebral é a doença rara na qual ocorre formação de coágulos sanguíneos (trombos) no interior dos seios durais ou veias cerebrais. Esse coágulo pode levar a obstrução, impedindo que o sangue drene corretamente, podendo ocasionar hemorragia (AVC hemorrágico) ou infarto (AVC isquêmico) no local afetado.

O que pode causar trombose venosa cerebral?

Ela pode ser ocasionada por alteração do processo de coagulação do sangue. Existem algumas condições clínicas aumentam a tendência a formação espontânea de coágulos no sangue, como:

• Anemia falciforme

• Desidratação

• Câncer

• Algumas infecções (meningites e vasculites)

• Doenças cardíacas

• Doenças do colágeno (Behcet e Wegener)

• Obesidade

• Gravidez

• Traumatismo craniano

• Uso de alguns medicamentos como corticoesteróides, metotrexato e cisplatina.

Quais são os sintomas da trombose venosa cerebral?

Os sintomas variam, a depender da localização do trombo. Os sintomas mais comuns são:

• Dor de cabeça de forte intensidade.

• Visão embaçada

• Desmaio ou perda da consciência

• Perda da força de um lado do corpo

• Convulsões

Vale lembrar que, na presença desses sintomas é super importante buscar atendimento médico o mais rápido possível. Quanto mais cedo se atende um paciente vítima de AVC, maiores são as chances de recuperação.

Como é feito o diagnóstico da trombose venosa cerebral?

Inicialmente é realizada a avaliação médica com história clínica e exame físico. Nesse momento é importante a presença de alguém que presenciou o evento, caso a vítima esteja confusa ou inconsciente. O diagnóstico final da trombose venosa sendo a causa do AVC será confirmado com algum exame de imagem que demonstre essa alteração. Os testes mais comumente usados são:

• Angiorresonância cerebral

• Angiotomografia cerebral

• Angiografia cerebral por cateter, realizada pelo neurointervencionista

Como é o tratamento da trombose venosa cerebral?

O tratamento ocorre sob regime de internação. O plano de tratamento começa com o suporte clínico, que pode incluir a hidratação, antibióticos (caso haja alguma infecção), medicações anticonvulsivantes. O uso de medicações anticoagulantes como a heparina (para evitar formação de novos coágulos) é usado na maioria dos casos. Nos casos mais graves, pode ser necessária cirurgia de craniectomia descompressiva, para aliviar o aumento da pressão intracraniana. Para alguns casos, principalmente aqueles que continuam piorando apesar de todas outras medidas clínicas, pode ser realizado o tratamento intervencionista, que consiste na trombectomia mecânica dos seios durais.

Como é a trombectomia mecânica dos seios durais?

Esse procedimento é realizado pelo médico neurointervencionista e tem como objetivo retirar mecanicamente os coágulos para desobstruir os seios durais e veias afetados. Inicialmente é realizado o estudo angiográfico, que é o exame de cateterismo cerebral que estuda a circulação sanguínea do cérebro e pode detectar os pontos de obstrução pelos coágulos. Em seguida, é inserido um cateter em uma veia da virilha ou do pescoço. O cateter é visualizado o tempo todo pelo médico intervencionista em uma tela, ao vivo durante o procedimento. Dessa forma é possível navegar o cateter pelo interior das veias até chegar ao ponto de obstrução. Nesse momento, utilizamos cateteres especiais que realizam a fragmentação e aspiração (sucção) dos trombos ou stents que se aderem aos trombos para a sua extração para fora da circulação do paciente.

Referências:

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK459315/

https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/28213478/

Escrito por:

Dr. Daniel Giansante Abud
CRM/SP 94.196 - RQE 41.802/41.802-1/75.310
Neurorradiologista intervencionista, livre-docente da FMRP-USP e ex-presidente da SOBRICE.

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